A banda retorna aos palcos com shows apresentando o novo álbum e reforçam sua relação com o público de Brasília
Entrevista por Erika Meier (@erikameier)
A espera de mais de uma década chega ao fim! No dia 13 de dezembro, o Toinha Brasil Show recebe o show de lançamento de Unholy Retribution, novo álbum da banda brasiliense Violator. O evento marca não só o retorno discográfico do quarteto, mas também um reencontro importante com o público da capital, que acompanha a banda desde os primeiros anos de atividade.
A noite ainda terá apresentações das bandas Cosmophage, Execrado e Morbid Devourment, compondo um line-up sólido do underground. Em meio ao lançamento do novo trabalho e à preparação para a volta aos palcos, conversamos com Pedro Poney, vocalista e guitarrista, sobre a criação do álbum, o retorno às atividades, o show em Brasília e a participação no Festival Bangers Open Air.

1. Após 12 anos sem um álbum completo, o que significa para vocês subirem ao palco em Brasília para apresentar Unholy Retribution justamente na cidade onde tudo começou?
Há uma energia muito forte para esse 13 de dezembro. Um show muito aguardado, por nós inclusive, de um disco fruto de um planejamento longo e ousado que deu certo. Ao mesmo tempo é marca de um novo ciclo, mesmo depois de 23 anos de banda, de um retorno do grupo a ser uma banda local, com todos os membros em Brasília. E tem essa conexão forte também com os tempos que vivemos, o disco todo é sobre Vingança, e a festa de lançamento sai junto com a prisão do Bolsonaro e sua corja militar.
2. O Violator sempre teve uma relação muito forte com o público brasiliense. Como vocês percebem a evolução dessa conexão após tantos anos sem um novo disco?
Brasília é nossa casa e nada mais justo do que começar aqui. Estamos muito tempo sem lançar disco (teve um EP em 2017), mas nunca deixamos de tocar na cidade. Todo ano praticamente desde 2012 ou 13 a gente que organiza os shows que tocamos em Brasília. No Toinha vai ser mais fácil, mas em outras ocasiões a gente ficava até ali vendendo cerveja no bar (risos). Então, desde os tempos de Caga-Sangue Thrash no subsolo do Conic, a gente envelheceu com um grupo incrível de pessoas que formam essa comunidade de contracultura que é o heavy metal e o punk e vimos muitas gerações chegando, e é muito importante saber receber, como fomos bem recebidos quando éramos moleque na virada dos anos 2000.
3. Houve algo diferente no processo de criação ou gravação deste álbum? Algum aspecto técnico ou criativo que marcou Unholy Retribution?
Muitas coisas especiais a destacar. A mais importante delas é que a gente trouxe um maluco lá da Bélgica pra produzir o álbum, o Yarne, e ele morou aqui em casa por duas semanas. A gente gravou num estúdio na vizinhança, pegando ônibus e almoçando em self-service (grande conquista da civilização brasileira). E a gente teve todo o tempo que precisávamos e toda estrutura, que era justamente o que faltava quando a gente gravava em casa, espremidos em madrugadas pós-trampo. Essa imersão pro disco ao mesmo tempo com a familiaridade de casa foi uma dialética fundamental pro processo todo.
4. A cena underground latino-americana mudou bastante nos últimos anos. Como você enxerga esse momento e onde o Violator se posiciona dentro desse cenário?
A gente tem um intercâmbio muito forte com toda latinoamerica desde que nos metemos num ônibus em março de 2004 pra encarar 36 horas de Brasília a Assunção (coisas da juventude). Em 2023 conseguimos voltar a vários países e sempre reencontramos bangers que viraram amigos ao longo desses anos. Acho que a cena no nosso continente é a mais animada, divertida, empolgante, com bandas raivosas, viscerais, energéticas… só tenho elogios. É muito diferente da Europa em que há um mercado de heavy metal e música pesada e acaba que tudo um pouco orbita em torno disso. Aqui somos mais orgulhosamente amadores, ainda bem. Os problemas que existem são gerais, são geracionais, tem a ver com uma apatia improdutiva e um domínio das redes sociais e plataformas sobre todos os aspectos da vida, inclusive o underground. E nosso subterrâneo vai ter que inventar um jeito de escapar disso.

5. No show de Brasília, vocês dividem o palco com Cosmophage, Execrado e Morbid Devourment. Qual a importância dessa troca com bandas do underground local e regional?
É total, a banda não existe sem essa rede, não faz sentido sem essa rede. O underground é essa comunidade internacional que está conectada por uma paixão, e é incrível poder viver isso loucamente e ir parar na China, mas ela começa e só faz sentido se você viver isso na vida real, na sua cidade, nos shows que você frequenta, no bar que você bebe. Especialmente em tempos de virtualidade doentia (você sabe o que algum semiconhecido tá tomando de café da manhã lá em São Paulo) acho fundamental entender a importância de cultivar a produção de onde você vive e com quem você vive. Sobre as bandas de abertura, tenho muita satisfação que são todas bandas (relativamente) novas. Tem membros mais novos que o Violator. Há uma renovação incrível no heavy metal da nossa região.
6. O que os fãs podem esperar do setlist da noite de lançamento? Há surpresas, resgates de faixas antigas ou versões diferentes?
A grande novidade do show vai ser mesmo poder apresentar ao vivo as músicas do disco “Unholy Retribution”.
7. O Violator já tocou em diversos países, mas o Bangers Open Air, mesmo sendo um festival relativamente recente, já ganhou espaço entre os grandes eventos voltados ao público metal. Tocar em um festival nacional desse porte gera uma sensação diferente?
Com certeza vai ser muito especial, acho que mais que tudo pela reunião de headbangers de todo o Brasil. Esse intercâmbio de bandas e pessoas costuma ser a coisa mais legal de tocar e estar nesses festivais. É certamente sempre uma realização estar num palcão desses, mas eu não diria uma sensação diferente, a violência é a mesma toda noite (risos). Eu particularmente sou mais fã dos shows menores, sem grade entre banda e público.
8. Para encerrar: qual mensagem você deixaria para quem vai estar no Toinha no dia 13? Que espírito você espera ver na plateia?
Vamos juntos construir a maior festa underground da história do Toinha. Não esperamos nada menos que a pura insanidade thrash, com corpos em cima de corpos, numa catarse coletiva que aparenta violência, mas que todo mundo sabe que é todo mundo da paz. Obrigado pela entrevista! UFT!

Serviço
Show de Lançamento: Violator do álbum “Unholy Retribution”
Data: 13 de dezembro de 2025
Local: Toinha Brasil Show (SOF Sul, Quadra 9, Brasília)
Horário: 19h
Ingressos: ticket.com.vc/evento/violator-em-brasilia
Redes sociais das bandas:
Violator:
Instagram: @violatorthrash
YouTube: youtube.com/violatormaniax
Bandcamp: violatorthrash.bandcamp.com
Cosmophage:
Instagram: @cosmophage_dm
Bandcamp: cosmophage.bandcamp.com
Execrado:
Instagram: @execrado
Bandcamp: execrado.bandcamp.com
Morbid Devourment:
Instagram: @morbiddevourment_
Bandcamp: morbiddevourmentdeathrash.bandcamp.com
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