A produção teve que fazer milagre pra esse show acontecer — e conseguiu.
Depois de cancelamentos, negativas e burocracia, o Planet Hemp finalmente trouxe a turnê “A Última Ponta” pra Belo Horizonte, na noite de 31 de outubro, e transformou o Mercado Distrital de Santa Tereza em algo que ninguém imaginava: um templo improvisado da resistência sonora.
O lugar, que raramente recebe shows desse porte, se mostrou uma surpresa perfeita pro momento. Grande, com estrutura simples, mas com alma. Do palco à plateia, o clima era o de quem sabia que estava presenciando algo que quase não aconteceu. E, ironicamente, no coração do bairro mais boêmio de BH que já viu nascer Milton Nascimento, Lô Borges e o Sepultura, o Planet Hemp fez história — à sua maneira: barulhenta, esfumaçada e política e provou que o Mercado tem potencial real pra receber apresentações maiores — aquelas que já não cabem mais no Mister Rock, mas também não precisam de uma arena engomada (BeFly Hall)

O som estava ótimo na linha de frente — potente, equilibrado e com punch. Mais pro fundo, dizem que a acústica engolia as vozes de D2 e BNegão, mas quem se importa? O show teve cara de “raiz”, suado, direto e sem firulas. E claro: ninguém respeitou a placa de “proibido fumar”. Seria até uma ofensa se respeitassem. O ar estava denso, carregado de fumaça, cerveja, eufonia e catarse — o Planet Hemp em sua forma mais pura.
O setlist foi uma aula de 30 anos de resistência: “Dig Dig Dig (Hempa)”, “Distopia”, “Jardineiro”, “Não Compre, Plante!”, “Queimando Tudo”, “Legalize Já”, “Contexto”, “Deisdazseis” e “Mantenha o Respeito” — todas cantadas em coro por um público diverso, de quarentões nostálgicos a jovens que descobriram o Planet nos streams e foram entender ao vivo o que é atitude de verdade.

Entre uma música e outra, o show também teve storytelling em off, relembrando passagens da história da banda — da fundação com Skunk à perseguição policial dos anos 90. Um toque de cinema dentro da fumaça. E, sim, o contexto pesou: poucos dias antes, o país tinha assistido à operação policial mais letal da década. O Planet não ignorou isso — a raiva e o luto estavam no ar.
No fim, o Planet Hemp se despediu com a altivez de quem nunca pediu permissão pra existir.
Santa Tereza saiu zonza, suada e com cheiro de liberdade.
E se essa foi mesmo a última ponta, ela queimou até o fim — e Belo Horizonte provou que o fogo da cultura ainda vive.
#PlanetHemp #MarceloD2 #BNegão #AUltimaPonta #TurnêFinal #SantaTereza #BeloHorizonte #BHShows #RapNacional #RockBrasileiro #HipHopBR #ResistênciaCultural #LiberdadeDeExpressão #LegalizeJá #CulturaÉResistência #ShowHistórico #MetalNeverDie NãoComprePlante #Distopia #QueimandoTudo #MantenhaORespeito #SkunkVive #CensuraNuncaMais #ArteÉPolítica #MusicaDeProtesto #CenaBH #MaconhaÉCultura #UndergroundMineiro #SomDeResistência #ShowDaPorra #MNDNews






