Detonator lidera ritual caótico com line-up improvisado, hinos nonsense, coturnos suados e uma plateia que entende que rir do metal é também celebrar o metal.
Enquanto o Mineirão servia mais um clássico insosso entre Atlético e Cruzeiro, Belo Horizonte vivia um verdadeiro surto coletivo — e glorioso — nas profundezas do Mister Rock, onde o Massacration desceu dos céus (ou subiu do inferno da mixagem) para mais um culto profano ao metal e à comédia.
A experiência foi mais próxima de um ritual tribal desorganizado do que de um show tradicional. Uma plateia heterogênea como só BH pode oferecer: metaleiros raiz, góticos de meia estação, otakus perdidos, casais Tinderizados, e até alguns incautos achando que estavam no rolê do Alok.
Logo na entrada, o aviso: faltavam membros. E não no sentido emocional — isso já se espera — mas fisicamente mesmo. Red Head Hammett e Jimmy the Hammer foram substituídos por dois mascarados, porque a lógica do Massacration sempre foi a do improviso elevado à instituição. Blondie Hammett, o mártir eterno da banda, segue ausente — morto em Metal Land, segundo a mitologia oficial.
“Ganhamos do Angra como melhor álbum de metal do Brasil!”
– Detonator, em seu momento profético (e hilariamente duvidoso)
Detonator (Bruno Sutter) estava no ápice da insanidade performática, disparando frases que seriam motivo de cancelamento em qualquer outro show — aqui, são celebradas como orações. A bateria parecia tocada por um ogro de três braços e a mixagem foi uma entidade própria, decidida a enterrar os vocais e transformar o baixo em item de decoração.
No meio do caos, o herói improvável: Headmaster chega atrasado, justifica com um lacônico “Tava na Guaicurus” — e é aplaudido como veterano de guerra. Só em Belo Horizonte alguém vindo do cabaré é recebido como se tivesse voltado de Mordor.
Entre um grito gutural e outro, vieram os clássicos:
“Metal Bucetation”, “Metal is the Law”, “Evil Papagali”, entre outros hinos que parecem saídos de uma madrugada de RPG com cerveja quente e pipoca murcha. Mas funcionam. E a galera responde com mosh, suor e gargalhada.
O público? Um fenômeno à parte. Coturnos batendo, cabelos rodando, camisetas do Sepultura lado a lado com cosplays de anime, tudo num clima de total pertencimento. Porque o Massacration não precisa fazer sentido — precisa fazer barulho.
No final, todo mundo saiu cansado, suado e feliz. Não houve bis, mas houve comunhão. Não houve técnica, mas houve entrega. E, principalmente, houve riso — e rir do metal é também uma forma de amá-lo profundamente.
Porque o Massacration é isso: uma mistura de sacanagem, homenagem, e caos sonoro que só faz sentido no volume máximo. Um lembrete de que o verdadeiro espírito do metal brasileiro está vivo — e vestido de armadura de plástico.
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