Baixista do Jinjer lamenta como “Músicos estão no final da fila” no recebimento dos lucros da turnê

Parece que falamos muito sobre as dificuldades que nossas bandas favoritas enfrentam ao tentar sobreviver e fechar as contas nas turnês. O aumento do custo do transporte, das taxas de visto e da inflação já torna os cálculos difíceis, mas quando adicionamos coisas como estabelecimentos que ficam com uma porcentagem das vendas de mercadorias, vemos cenários onde as bandas são obrigadas a cancelar as turnês ou se endividar porque simplesmente não é viável financeiramente.

Em uma entrevista recente com o Moshpit Passion da Alemanha  o baixista do Jinjer, Eugene Abdukhanov, explicou como as coisas ficaram incrivelmente difíceis para músicos há algum tempo. Especialmente agora que a dinâmica de poder financeiro entre artistas e suas gravadoras/empresários/proprietários de estabelecimentos e outros basicamente virou de cabeça para baixo.

“É difícil encontrar as palavras certas, e não xingar… Eu, claro, me oponho e odeio profundamente toda ideia de basicamente roubar dinheiro das bandas, especialmente quando os estabelecimentos têm bares e ganham rios de dinheiro com bebidas. E especialmente cortar o dinheiro da venda de mercadorias de bandas de apoio que muitas vezes mal ganham algum dinheiro com mercadorias em si e elas não têm mais nada. E ao mesmo tempo, entendo que não tem como sair dessa situação. Por causa do sistema todo, como tudo é feito, tudo virou de cabeça para baixo.

“Os músicos, de estarem no topo da pirâmide, como artistas, na verdade tudo é suposto funcionar
para os músicos, eles passam a estar na base da pirâmide. Porque os músicos estão trabalhando para todos os outros. É assim que as coisas funcionam. Acontece que os músicos estão trabalhando para a administração, para as gravadoras, para as agências de contratação, empresários. E é muito, muito óbvio quando você vê uma liquidação, liquidação financeira de uma turnê. Porque você começa por lá, vê o dinheiro e então vê todos os cortes e o que sobra é incomparável com o que tinha no começo.”

Agora, nem preciso dizer que se você e sua banda são o motivo das pessoas saírem para gastar seu suado dinheiro, vocês deveriam levar uma boa quantia da renda. Vamos ser sinceros, dado o estado da maioria desses estabelecimentos, não há outra razão para as pessoas ficarem nesses lugares e gastarem com bebidas caras.

Mas quando vivemos em um mundo onde a Live Nation e a Ticketmaster basicamente comandam o jogo, da venda de ingressos à propriedade de estabelecimentos por todos os lados, você pode ver onde a coisa começa a apertar para o artista. Embora não cite esses nomes especificamente, Abdukhanov aponta esse mesmo fato como motivo principal para tudo ter ficado tão difícil.

“Eu poderia reclamar disso para sempre. Mas eu vejo a origem e a origem é somente o mundo em que vivemos. É assim que tudo funciona e tudo está mudando. Então, o livre mercado e a sociedade capitalista livremente viraram um mercado profundamente monopolizado onde tudo pertence a certas entidades que controlam a maior parte do mercado. Não vou citar nomes. Isso definitivamente é ruim. Mas não vejo solução.”

É provável que ele já estivesse pensando sobre isso quando perguntaram sobre o estado dos negócios, dado o fato de que o Jinjer lançou recentemente seu último álbum de estúdio, Duél. Já que eles estão se preparando para ir para uma turnê australiana em breve e logo depois disso o circuito de festivais, deve ser difícil ver quanto dinheiro é necessário para fazer esses shows acontecerem e quanto resta para as bandas no final do dia.