Em uma recente entrevista concedida a Jordi Pinyol, o lendário guitarrista sueco Yngwie Malmsteen refletiu sobre as profundas mudanças na indústria da música desde que iniciou sua carreira profissional, nos anos 1980. Reconhecido como um dos maiores virtuosos do instrumento, Malmsteen não poupou críticas ao modelo atual, em que a facilidade de acesso à produção e divulgação transformou a forma como artistas emergem e se sustentam no mercado.
“A indústria em si não é algo bonito. Nos anos 70 e 80, as gravadoras queriam ganhar dinheiro e havia um formato. Se um estilo estourava, assinavam várias bandas semelhantes, como uma linha de produção. Hoje isso acabou, porque o produto não existe mais. Não há lojas de discos, não há rede de distribuição. Agora, com o YouTube e afins, qualquer um pode fazer um disco, qualquer um pode fazer um vídeo. Isso diluiu tudo. Não há impacto.” — Yngwie Malmsteen
Para Malmsteen, o contraste entre passado e presente é marcante. Ele relembrou o impacto dos Beatles em 1964, quando uma única apresentação televisiva transformou a banda no maior fenômeno do mundo, algo impossível de se repetir na era do streaming e das plataformas digitais.
Apesar das críticas ao cenário atual, o guitarrista segue ativo e fiel à sua visão artística. Em abril de 2025, lançou “Tokyo Live”, registrado no dia 11 de maio de 2024 no Zepp DiverCity, em Tóquio, durante sua turnê mundial de 40 anos de carreira. O álbum ao vivo saiu pelo selo Music Theories Recordings e reúne mais de 100 minutos de espetáculo, celebrando tanto os clássicos de sua trajetória quanto composições mais recentes.
O repertório traz faixas que marcaram sua passagem pelo Alcatrazz e sua consagrada carreira solo, como “Hiroshima Mon Amour”, “Evil Eye”, “Rising Force”, “Far Beyond The Sun”, “Arpeggios From Hell” e “Seventh Sign”. O show também incluiu músicas do álbum “Parabellum” (2021), como “Wolves At The Door”, “Relentless Fury” e (“Si Vis Pacem”) Parabellum, além de releituras incendiárias de “Paganini’s 4th” e “Smoke On The Water”.
Com uma carreira que ultrapassa quatro décadas, 22 álbuns de estúdio e uma reputação inabalável, Malmsteen permanece como um ícone que transcende rótulos. Hoje, além de sua técnica exuberante e composições marcantes, também assume os vocais em sua própria banda, acompanhado por Nick Marino (teclados), Emilio Martinez (baixo) e Kevin Klingenschmid (bateria).
“Quando eu era criança, ir até a loja comprar um disco era um grande evento. Você abria, ouvia e admirava as fotos. Isso não existe mais. Hoje, dizer ‘estou fazendo um disco’ não tem o mesmo significado, porque não há mais o que sustente esse formato.” — Yngwie Malmsteen
Com “Tokyo Live”, o sueco reafirma sua posição única no universo do metal neoclássico: um artista que não cedeu às modas passageiras e continua fiel à sua visão de música como arte e impacto, mesmo em um mundo digital fragmentado.
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