
O mundo precisava mesmo de mais uma compilação do Rush? Talvez não. Mas, sendo bem sincero, é difícil resistir quando ela vem cheia de faixas raras, momentos históricos ao vivo e extras caprichados para quem realmente ama a banda.
Lançado no último dia 21 de março, Rush – 50 marca não apenas os 50 anos do primeiro álbum, mas mais de meio século de uma das bandas mais influentes do rock progressivo. Sim, 51 anos desde o debut, e 56 desde a formação do trio canadense.
Do começo rústico à grandiosidade ao vivo
A coleção abre com os primeiros registros da banda, como os singles “Not Fade Away” e “You Can’t Fight It”, lançados pela Moon Records — ainda distantes do som clássico que o Rush viria a moldar.
As versões ao vivo de “Need Some Love” e “Before And After” soam cruas e diretas. Já “Bad Boy” e “Garden Road” mostram que, mesmo em seus primeiros passos, o Rush já deixava claro seu apetite por experimentação.
Mas o destaque absoluto da coletânea são mesmo as performances ao vivo, espalhadas de forma cuidadosa pelo box.
Pérolas no palco: o auge ao vivo
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“By-Tor & The Snow Dog”, gravada no Massey Hall em 1976, é suja, carregada de feedback — e brilhante.
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“Xanadu”, no Hammersmith de 1978, é mágica: guitarra poderosa de Alex Lifeson, Geddy Lee em sintonia perfeita com Neil Peart.
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Outras joias? “La Villa Strangiato” (Pink Pop 1977), “YYZ” (Montreal, 1981) e a sombria “Witch Hunt” (Toronto, 1984), que ainda arrepia após quatro décadas.
“Distant Early Warning”, capturada em 1988 no NEC de Birmingham, traz um valor especial para quem viu o Rush nessa era — como o autor da resenha. E o final não poderia ser mais emocionante: “Jacob’s Ladder” (Toronto, 2015) e o último medley da banda, em Los Angeles, com “What You’re Doing / Working Man / Garden Road”.
E os anos 90?
O ponto fraco da coletânea é justamente a falta de atenção à fase 90–2000. Apenas quatro faixas representando álbuns como Roll The Bones, Test For Echo, Counterparts e Vapor Trails. E Clockwork Angels, considerado um dos melhores discos da banda, aparece só com “Headlong Flight”.
Mas tudo bem. Porque o pacote compensa.
Extras para fãs — e colecionadores sérios
Além das músicas, a caixa traz:
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Nova arte de Hugh Syme
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Produção ao vivo de Terry Brown
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Um livro de 104 páginas com fotos raras
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E, em algumas versões, a graphic novel The Fullness Of Time, com 100 páginas.
Não é uma caixa barata. Mas também não é um produto qualquer.
Como disse Geddy Lee, ao olhar pra imensidão do catálogo:
“… olha todas essas músicas – estou exausto só de olhar para a lista maldita.”
Rush – 50 é uma imersão densa e apaixonante na trajetória da banda. Seja você um fã veterano ou um novo curioso, vale cada minuto — e, talvez, cada centavo.
Disponível em múltiplos formatos via Rush.lnk.to/R50