Jon Schaffer (Iced Earth): Perdão de Trump, Bíblia na Mão e Nenhuma Lição Aprendida

O fundador do Iced Earth, Jon Schaffer, reapareceu em uma entrevista completa — e recheada de delírios — após sua sentença pela participação na insurreição do Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. Com três anos de liberdade condicional, 120 horas de serviço comunitário e US$ 1.200 em multas no currículo, você até pensaria que o sujeito teria ganhado um mínimo de perspectiva. Spoiler: não.

Schaffer reforça a narrativa falsa de que a eleição foi roubada, afirma que tudo foi uma armadilha armada por “forças” misteriosas, e que só estava lá em nome da “liberdade”. Aparentemente, liberdade agora significa invadir prédios públicos, ameaçar parlamentares e fazer cosplay de revolucionário confederado.

“Foi uma armadilha”

Falando ao podcast It Is Later Than You Think, da igreja evangélica Cornerstone Church (Indiana), Schaffer decidiu que o melhor momento para dar sua primeira entrevista era… repetir todas as mentiras que o colocaram nessa encrenca.

Segundo ele, a invasão foi uma espécie de “fluxo de energia” e não uma tentativa de golpe orquestrada por extremistas. Afinal, nas palavras dele, “se fosse uma insurreição de verdade, todos teriam levado armas”.
Ah sim, claro. Porque todo mundo sabe que só conta como golpe se for estilo Rambo.

“Eu deixei minhas emoções tomarem conta de mim. Foi uma armadilha, 100%”, disse.

Ao relatar o caos no Capitólio, Schaffer afirma não ter visto violência e que muitos foram “convidados a entrar” pelos próprios policiais. “A porta por onde entrei parecia selada magneticamente. Um policial destravou e deixou as pessoas passarem.”

Da cadeia ao batismo

A cereja do bolo? Schaffer foi perdoado por Donald Trump e agora se apresenta como um homem de fé, numa “jornada espiritual” que inclui ser batizado numa piscina e encontrar Jesus entre lives do Lakeview Church.

“Só Jesus pode ajudar isso”, diz ele — sobre as consequências dos próprios atos. Talvez também ajudasse se ele largasse o Telegram e parasse de ler QAnon no café da manhã.

Ele também comenta sua ligação com os Oath Keepers, grupo extremista envolvido no ataque: “Eu sou só um cara de heavy metal em turnê, não o líder de uma milícia”. Só esqueceu de mencionar a associação vitalícia paga anos atrás.

“Quero glorificar a Deus com minha música”

Schaffer sinaliza que pode voltar a fazer música, mas agora, só “quando Deus mandar”.

“Quero que meu próximo trabalho glorifique a Deus. Já havia toques disso no meu catálogo, mas agora será mais claro.”

Mas ele garante: nada de álbuns apressados. “Quero algo que me mova. Eu vou saber quando for a hora. Vai ser imparável.”

Solidariedade, conspiração e “valores americanos”

Schaffer demonstrou empatia pelos outros envolvidos na insurreição — que ele considera “a pior perseguição política da história dos EUA”.

“Algumas pessoas morreram. Outras se suicidaram. É horrível. Mas acredito que a verdade vai aparecer.”

Ele também reafirmou seu amor pelos valores fundadores do país: “A Constituição. A Declaração de Independência. Precisamos nos unir como americanos.”
Claro, depois de tentar derrubar o Congresso. Super patriótico.

Futuro incerto, mas com fé

Após os primeiros relatos sobre sua participação na invasão, seus companheiros de banda pularam do barco: Stu Block e Luke Appleton anunciaram suas saídas do Iced Earth, e Hansi Kürsch (Blind Guardian) abandonou o projeto Demons & Wizards. A gravadora Century Media também apagou as bandas do catálogo.

Mesmo assim, Schaffer não pretende desaparecer:

“Tudo é plano de Deus. Eu me rendi a isso.”

De qualquer forma, tenho certeza de que Schaffer retornará à música de alguma forma, mas você não vai ler sobre isso aqui. Foda-se Jon Schaffer