O baterista Chris Adler, ex-LAMB OF GOD, está escrevendo um novo capítulo em sua trajetória com o FIRSTBORNE — banda de rock/metal com o vocalista indiano Girish Pradhan, o guitarrista Myrone e produção de Machine. Após uma saída abrupta da banda que ajudou a fundar, Adler renasce em um projeto que une liberdade criativa, reconstrução pessoal e superação física.
Em entrevista ao jornalista David E. Gehlke, do Blabbermouth.net, Adler relatou os bastidores de sua saída do LAMB OF GOD, a batalha contra a distonia do músico — distúrbio neurológico que compromete o controle motor — e como isso o levou a reaprender a tocar bateria com o pé oposto.
“Sim, cem por cento. Há muita coisa envolvida nessa história. Nos anos que se passaram, tive que ser muito introspectivo e decidir para onde eu queria ir a partir daí e qual seria o capítulo dois. Felizmente, eu estava em contato com esses caras, e essa é toda uma história em si. Decidimos que é o que fazemos e quem somos; isso não nos define necessariamente nem a mim. […] Eu queria fazer algo que eu considerasse divertido.”
Adler foi informado de sua saída da banda por e-mail, sem cerimônia, após mais de duas décadas de dedicação. Na época, ele também enfrentava problemas pessoais sérios: a morte da mãe, um divórcio conturbado e os primeiros sinais da distonia.
“A única maneira de contornar a distonia é reaprender a tocar. Nesse caso, seu pé direito como baterista é seu pé de chumbo. […] Agora eu lidero com meu pé esquerdo, o que joga o pé direito em um loop mental. […] Essa conexão agora é forte. Eu consigo fazer isso bem, mas não algumas das coisas que eu estava fazendo no LAMB.”
O FIRSTBORNE surgiu como válvula de escape e novo lar artístico. Após lançar mais de 20 músicas em plataformas independentes, a banda se prepara para lançar o disco Lucky em agosto.
“Apenas ver o que acontece quando estamos respirando o mesmo ar na mesma sala. Claro, isso assustou o Machine. Só tínhamos quatro semanas para fazer tudo. […] Em seis dias, tínhamos escrito 14 músicas. Foi super rápido e sem pensar demais nas coisas.”
Adler também comentou sobre sua decisão de não aceitar convites para bandas como TESTAMENT, focando em fazer apenas o que lhe dá prazer — inclusive gravando em seu home studio.
“Se eu estiver a fim e for algo interessante […] os mais recentes que escolhi fazer estavam realmente fora do que sou conhecido por fazer, só para me desafiar e fazer algo diferente. Parte deste capítulo dois é algo novo.”
Sobre o som do novo trabalho, Adler comenta que a proposta do FIRSTBORNE é mais leve e positiva:
“Ainda consideraria um álbum de hard rock, mas não para forçar algumas das coisas que fizemos antes. […] Um de nossos discos favoritos sempre foi Surfing With The Alien, do Joe Satriani – aquele tipo de vibe. Você sente vontade de dirigir rápido, mas não é um Camaro preto. É um carro com teto aberto na praia.”
Na comparação com sua experiência anterior no LAMB OF GOD, Adler enfatiza a diferença no processo criativo:
“Uma das coisas que eu gostava nos primeiros discos do LAMB e uma das que eu não gostava nos recentes era que, inicialmente, nós nos reuníamos e discutíamos […] Daqui para frente, tornou-se mais um ‘Aqui está uma música. Eu escrevi isso em casa. Aqui está tudo.’ Nós paramos de estar na sala, o que eu não era fã.”
A famosa caixa característica de Adler também foi tema na entrevista. Apesar da resistência de alguns produtores, ele manteve sua assinatura sonora:
“Acho que Machine tem sido derrotado pela ideia daquela caixa. […] Por qualquer motivo, isso significava muito para mim […] é um som de assinatura para mim e para a banda.”
Ao relembrar sua participação no Dystopia do MEGADETH, Adler compartilha uma passagem curiosa com Dave Mustaine:
“Assim que a luz vermelha acendeu para o disco, ele disse: ‘Ei, cara. Sobre aquela caixa…’ […] Eu respeitei o legado da banda e tudo o que eles tinham feito. […] Foi estranho para mim, já que eu estava tocando uma caixa de 12 polegadas e indo para uma de 14 polegadas. Ainda soava ótimo.”
Adler também falou abertamente sobre o diagnóstico de distonia:
“É chamada de ‘distonia focal específica da tarefa’. Está no meu pé. […] Os nervos que estão dizendo ao meu pé para fazer isso estão desgastados. Eventualmente, ele para de fazer o que você quer que ele faça.”
Sobre a forma como foi desligado da banda, ele não escondeu a frustração:
“Foi um choque para mim. Foi, ‘Eu não sei como fazer isso funcionar.’ Não me foi dada muita escolha. Foi um daqueles e-mails: ‘Serviços não são mais necessários.’”
Com uma nova vida, novo casamento e mais tempo com a família, Adler enxerga hoje com serenidade o encerramento do ciclo com o LAMB OF GOD:
“Demorei um minuto para ter perspectiva, mas o que você disse está certo. […] Acho que cavalguei essa coisa até o topo. […] Desci em um momento muito bom.”
E sobre seu irmão, Willie Adler, guitarrista da banda:
“Desejo tudo de bom para ele; penso nele o tempo todo, mas eu diria que estamos distantes. Desde aquele e-mail que recebi, não nos falamos.”
Hoje, com o FIRSTBORNE, Chris Adler não busca mais reconhecimento técnico, mas sim paz, propósito e diversão.
“Sou grato e feliz por onde estou. […] Estou ansioso para fazer alguns shows com esses caras, me divertir mais e sentir muito menos pressão.”
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