
Em entrevista à BraveWords durante o cruzeiro 70000 Tons Of Metal, o vocalista Eric “A.K.” Knutson, do Flotsam And Jetsam, falou abertamente sobre sua relação com o legado da banda, os desafios de cantar os clássicos aos 60 anos e como sua função criativa evoluiu nas últimas décadas.
“É cansativo fazer só os clássicos. Eu tinha 18 anos. Hoje tenho 60.”
Promovendo o mais recente disco I Am The Weapon, A.K. comentou que a banda seguirá por um novo caminho nos próximos shows, após anos priorizando as faixas dos álbuns Doomsday For The Deceiver (1986) e No Place For Disgrace (1988):
“Vai ser a nossa última vez tocando as coisas antigas por um tempo. A gente não queria, mas os promotores pagam mais por isso.”
Apesar de reconhecer o apelo das músicas mais antigas, o vocalista não esconde a dificuldade física de reproduzi-las:
“Essas músicas foram gravadas quando eu tinha 18 anos. Hoje tenho 60. Os gritos são difíceis. Ainda canto tudo, mas é muito mais esforço.”
“Nunca estive no controle da banda. Só no palco.”
A.K. também falou sobre a dinâmica interna da banda ao longo dos anos – e como, mesmo sendo a voz do grupo, sempre ficou distante das decisões de bastidores:
“Nunca estive no comando de nada na banda, exceto durante os shows. É o único momento em que estou no controle.”
Ao ser questionado se gostaria de liderar mais as decisões da banda, foi direto:
“Acho que isso me afastaria da música. Se eu tivesse que lidar com contratos, logística, tudo isso… provavelmente deixaria de gostar disso. Prefiro que os outros cuidem dessa parte.”
“Drift e Cuatro vão ter que entrar no setlist em algum momento.”
Quando o assunto é o repertório dos shows, Knutson reconhece que a banda evita tocar faixas dos álbuns dos anos 90 como Drift (1995) e Cuatro (1992), mas promete mudança:
“Os caras não querem tocar essa fase, mas eventualmente vão ter que. Eu estive em todas essas fases da banda, então vou bater o pé.”
Ele também lembrou com frustração do processo de gravação de Unnatural Selection (1999):
“Nem sabia que a gente estava fazendo um disco. Me ligaram dizendo: ‘Você vem hoje gravar sua parte’. Eu fui lá, escrevi letras na hora e gravei tudo correndo. Hoje, quando ouço, penso: ‘Parece que foi feito às pressas’. Horrível.”
O lado bom da criação
Apesar das críticas à indústria e às limitações da estrada, A.K. se mostra empolgado com o processo criativo:
“Minha parte favorita é escrever. Criar melodias, letras, encaixar tudo… É o que mais gosto. Mais até que turnê.”
Sobre as vozes que moldaram seu estilo, ele revela influências que vão de Freddie Mercury, Elton John e Frank Sinatra até os pilares do metal como Rob Halford, Bruce Dickinson e Ronnie James Dio.
E mesmo sem estar no comando da banda, uma coisa A.K. garante com segurança: no microfone, ele ainda é o mestre.