A edição nº 18 da revista Fistful Of Metal traz uma conversa reveladora com Dave Lombardo, baterista lendário do SLAYER, agora focado em novos horizontes criativos com o VENAMORIS, seu projeto ao lado da esposa Paula Lombardo. O novo álbum, To Cross Or To Burn, lançado em 28 de fevereiro pela Ipecac Recordings, é uma obra pessoal, intensa e completamente autoral.
“Este álbum é muito pessoal, nascido e criado em nossa casa. […] Temos controle total sobre os sons, ritmos, drones atmosféricos e texturas. Fazer este álbum foi uma experiência libertadora para nós dois.” — contou Dave.
A intimidade do disco vai além da música. Com letras escritas por Paula, o álbum carrega emoções cruas e verdadeiras.
“É meio assustador para ela, porque são letras muito pessoais, e pode ser intimidador mostrar ao mundo.”
Liberdade criativa e a influência de Mike Patton
Em um dos trechos mais impactantes da entrevista, Lombardo destaca como sua longa parceria com Mike Patton (MR. BUNGLE, FAITH NO MORE, FANTÔMAS) ajudou a moldar sua autoconfiança como artista solo.
“Mike sempre me disse para seguir meus instintos e não ter medo de colocar minha arte no mundo. […] A atitude punk aparece e eu simplesmente não dou a mínima para o que alguém pensa.”
Da frustração ao renascimento artístico
Dave também relembrou um momento-chave no fim dos anos 80, quando começou a buscar novos caminhos fora do SLAYER.
“Em 1989, depois de meses em turnê com o Slayer, tudo se tornou tão repetitivo. Eu queria algo que me desafiasse de verdade.”
Essa inquietação o levou a trabalhar com TESTAMENT, FANTÔMAS e com o compositor experimental John Zorn. A versatilidade de Lombardo como baterista encontrou um novo lar em projetos que exigiam precisão, improviso e ousadia.
“A dinâmica muda tão rápido com o Fantômas, então eu tinha que me adaptar rapidamente aos arranjos. Sou eternamente grato ao Mike por me convidar para essa loucura.”
Percussão além do metal
Nos últimos anos, Dave Lombardo vem expandindo seus limites musicais. Em 2023, lançou Rites Of Percussion, explorando solos de bateria com uma abordagem quase ritualística. Também flertou com o hip-hop, música clássica e tocou com MISFITS, MR. BUNGLE e os grupos experimentais de John Zorn.
“Isso era o que eu realmente estava buscando quando penso naquela frustração em ’89. A liberdade de criar, misturar estilos e não seguir fórmulas.”
To Cross Or To Burn já está disponível pela Ipecac Recordings. A nova edição da Fistful Of Metal traz mais detalhes sobre esse projeto e outras entrevistas com nomes como MOTÖRHEAD.
Na MND, celebramos quem rasga o mapa e faz seu próprio caminho. Porque o verdadeiro metal não se acomoda — ele se reinventa.
