
Tim “Ripper” Owens Agita o Crowbar em Sydney
O ex-cantor do JUDAS PRIEST e atual vocalista do KK’S PRIEST, Tim “Ripper” Owens, subiu ao palco no dia 20 de fevereiro, no Crowbar em Sydney, como parte de sua turnê solo australiana. Para acompanhá-lo, uma banda de apoio formada por verdadeiros virtuosos do metal australiano entrou em cena:
- Joel McDonald – guitarra;
- Jordan McDonald – bateria;
- Voya Milutinovic – guitarra;
- Andrew Hudson – baixo.
Confira abaixo o vídeo filmado por fãs durante o show.
Autobiografia e Reflexões sobre a Carreira
Em entrevista ao podcast Scars And Guitars com Andrew McKaysmith, Owens foi questionado sobre a possibilidade de escrever uma autobiografia. Confira o que ele comentou:
“Sim, eu gostaria de fazer isso. Só não sei se posso falar sobre tudo na minha carreira. Não sei se é certo. Existem bandas que podem fazer isso porque ficaram conhecidas como eram — surgiram nas décadas de 1970 e 1980, então havia coisas que elas fizeram e que gostavam de compartilhar. Mas eu não sei. Eu não quero necessariamente difamar as pessoas.”
“Eu acho que isso pode ser um pouco chato, porque não vou falar sobre tudo. Por outro lado, tenho muito a contar e, quem sabe, dividir todos os detalhes pode me fazer parecer um pouco mais aventureiro. Eu até posso inventar coisas.”
“Eu disse: vou escrever um livro, mas não um livro que não me pague. Vejo tantos músicos escrevendo livros e não ganhando quase nada com isso. Não estou dizendo que vou ficar rico, mas sempre deixei claro: se eu for escrever um livro, ele tem que me pagar – tem que valer a pena. Não estou publicando só por publicar. Em algum momento, preciso me aposentar.”
“Tive uma carreira incrível: um garoto de Akron, Ohio, que fez sucesso e tocou com músicos renomados, tudo graças ao JUDAS PRIEST que me deu a chance de cantar para eles. Um livro contando com quem e quando toquei com eles – seja com Ace Frehley (KISS), Scott Ian (ANTHRAX) ou outros – é algo surreal, afinal, no fim das contas, eu continuo sendo apenas um fã e um garoto de Akron que conseguiu chegar onde chegou.”
No mês passado, em entrevista ao podcast australiano Everblack, Owens já havia abordado a possibilidade de escrever um livro, afirmando:
“Nunca me ofereceram [um acordo para um livro]. Eu não vou escrever um livro a menos que receba – afinal, fizeram um filme vagamente baseado em mim e não recebi nada por isso. Então, teriam que me pagar. Mas não sei como fazer isso, porque não quero… Provavelmente vou magoar alguns sentimentos se contar tudo. Posso ter problemas se revelar todos os detalhes.”
Ele acrescentou:
“Eu seria gentil. Mas é uma ótima história, não é? Uma história incrível que ainda continua. Amo quando as pessoas perguntam: ‘O que você fez desde o JUDAS PRIEST?’ Eu fiz mais turnês pelo mundo, toquei para o mesmo número de pessoas, vendi mais discos – tudo isso depois do JUDAS PRIEST. É bem louco quando alguém diz: ‘O que você fez?’ ou me menospreza dizendo: ‘Ah, o cara que costumava ser alguém.’ Eu penso: ‘O que você quer dizer com costumava ser?’ Estou fazendo mais agora do que já fiz na minha vida.”
“Fui demitido de mais bandas do que participei, o que é meio engraçado. Mas conheci muitas pessoas incríveis. Sempre digo que o JUDAS PRIEST foi a minha faculdade, que abriu portas para eu ganhar a vida com a música. Me esforcei para estar em plena forma e pronto para o que viesse.”
Rock Star: Ficção ou Reflexo da Realidade?
O filme de 2001 da Warner Bros., Rock Star, estrelado por Mark Wahlberg como um vendedor que se torna astro do rock, foi vagamente inspirado na trajetória de Owens, que comandava uma banda cover do JUDAS PRIEST antes de ser escolhido como o novo vocalista da banda.
Em entrevista à revista russa Classic Rock em 2014, Tim comentou:
“Quando tiveram a ideia de fazer o filme Rock Star (originalmente chamado de Metal God), realmente ia ser sobre mim. Mas o JUDAS PRIEST se afastou do projeto por não concordar com algumas coisas. Então, os produtores seguiram por conta própria, creio eu. As semelhanças eram: fiz o teste para o JUDAS PRIEST, cantei uma linha, acertei a nota e entrei na banda. Depois, muitas coisas deram errado… Não era o tipo de fã que eu era quando entrei na banda – eu já era um garoto rebelde do ensino médio dos anos 1980. Mas isso foi em 1996; eu não vivia mais com meus pais, com pôsteres nas paredes. Mesmo assim, ter um filme vagamente baseado em você é muito legal.”
Sobre a ironia de Rock Star ter se tornado quase profético – com o personagem de Mark Wahlberg tocando em clubes pequenos com seu próprio material após o retorno do vocalista original – Owens afirmou:
“Para mim, o filme foi quase como a vida real. O Rob (Halford) voltou para o JUDAS PRIEST, o que foi bom para mim, para ser honesto. Na minha carreira, continuei fazendo muitas coisas; foi melhor para a banda, melhor para o Rob. Acho que me tornei um pouco maior do que aquele cantor de café que Mark Wahlberg interpretou no final do filme, tocando em clubes pequenos. Ainda consigo tocar para milhares de pessoas na Rússia. É muito parecido com o que ele fez com a própria música.”
O Desafio de Entrar no JUDAS PRIEST
Tim Owens se juntou ao PRIEST em 1996 depois que o baterista Scott Travis recebeu uma fita de vídeo dele se apresentando com a banda cover do JUDAS PRIEST, chamada BRITISH STEEL. Na época, o grupo procurava um substituto para Halford, que mais tarde retornaria.
Em entrevista ao podcast The Vinyl Guide, ao ser questionado sobre como se preparou para assumir esse papel, Owens declarou:
“Bem, escute, eu estava confiante. Eles confiavam na minha voz. Sabia que alguns fãs não me aceitariam, mas também tinha certeza de que cantava muito bem – tanto no estúdio quanto ao vivo. Sentia que, quando os fãs chegavam ao show, ficavam felizes em ver alguém novo no JUDAS PRIEST que ainda mantinha o vocal. Se alguém não gostasse, não havia nada que eu pudesse fazer. O K.K. (Downing, então guitarrista do PRIEST) costumava dizer: ‘A prova está no pudim. Venha ao show e veja.’ Muitos vinham esperando me odiar, mas logo se rendiam quando eu começava a cantar, percebendo que eu realmente amava o que fazia e queria fazer justiça às músicas. Isso me deixava confiante.”
Entre Sucessos e Desafios
Abordando o fato de que os dois álbuns gravados com Owens – Jugulator (1997) e Demolition (2001) – venderam pouco, o que acabou levando à sua saída para abrir caminho ao retorno de Halford, Tim comentou:
“Era uma época muito ruim para o heavy metal. Então não foi como se eu tivesse entrado no auge do gênero. Quero dizer, quando…”
Embora o depoimento se encerre de forma abrupta, ele reforça a complexidade dos desafios e conquistas vividos por Tim ao longo de sua carreira.